Tess era ainda muito jovem quando ouviu a mãe e o pai, falarem de alguma coisa que afectava o seu irmão, Andrew. Tudo que tinha compreendido é que ele estava muito doente e que a família não tinha mais um tostão. Iriam em breve mudar-se para uma pequena casa mais económica, pois não tinham dinheiro para pagar os medicamentos e a renda da casa onde habitavam. Só uma custosa cirurgia poderia neste momento salvar o irmão e não havia ninguém para emprestar o dinheiro necessário.
Tinha ouvido o pai segredar à mãe com lágrimas nos olhos: “Só um milagre poderá salva-lo”. Tess foi para o seu quarto, retirou o mealheiro de um lugar secreto e contou toda a sua fortuna. Contou e recontou, até ter a certeza de que não se tinha enganado. Voltou a colocar tudo no mealheiro, saiu pela porta de trás e dirigiu-se à farmácia.
A farmácia tinha por cima da porta, um grande dístico vermelho com um Chefe Indiano desenhado. Tess entrou na farmácia e esperou pacientemente que o ocupado farmacêutico lhe prestasse atenção. Sem resultado, procurou fazer alguns barulhos discretos, mexeu os pés, tossiu; nada a fazer. Pegou então numa das suas moedas e bateu no balcão de vidro… funcionou. O farmacêutico veio até ela e perguntou-lhe: “O que quer o meu irmão de Chicago que já há tanto tempo não via”? “Venho falar-lhe acerca do meu irmão”, responde Tess no mesmo tom; “ele está muito, muito doente… e queria comprar um milagre.” “Queres comprar o quê?” “O meu irmão tem alguma coisa má a crescer no interior da cabeça e o meu pai diz que agora, já só um milagre pode salvá-lo… quanto custa um milagre?” “Nós aqui não vendemos milagres, pequena... tenho pena mas não posso ajudar-te” disse com voz mais meiga. “Oiça, eu tenho o dinheiro para pagar, se não chegar eu vou à procura do resto, diga-me só quanto custa?”
O irmão do farmacêutico era um homem grande e bem vestido. Aproximou-se dela e perguntou-lhe “ que género de milagre é que o teu irmão precisa?” “Não sei, só sei que ele está muito doente e a minha mamã diz que ele precisa duma operação. O meu papá não pode pagar, então quero utilizar o meu dinheiro.” “Quanto tens? “ Pergunta o homem de Chicago.”Um dólar e onze cêntimos” disse ela baixinho “é todo o dinheiro que tenho mas se for preciso poderei arranjar mais algum.” “Muito bem, mas que coincidência” sorriu o homem. “Um dólar e onze cêntimos, o preço exacto de um milagre para os pequenos irmãos de Chicago.” Aceitou o dinheiro com uma das mãos, pegou nas suas luvas com a outra e disse-lhe, “conduz-me até a tua casa. Quero ver o teu irmão e falar com os teus pais. Veremos se tenho o milagre de que precisas.
O homem bem vestido era o Dr. Carlton Armstrong, um cirurgião especialista em neurocirurgia. A cirurgia foi feita sem qualquer custo, e em breve, Andrew estava de volta a casa e bem de saúde.
Os seus pais falavam da série de acontecimentos que tinham permitido a recuperação do filho, “esta cirurgia” dizia a mãe, “foi um verdadeiro milagre.” “Pergunto-me quanto teria custado?” Tess sorriu. Ela sabia exactamente quanto o milagre tinha custado… um dólar e onze cêntimos… mais a fé de uma criança. Porque os milagres só acontecem, para aqueles que acreditam…